Medialunas e Pélico @ Casa Dissenso, 10/09/2011

Quando há quase três meses, a Superguidis pegou todo mundo de surpresa e via twitter anunciou o fim das atividades, os fãs do indie rock por todo país sentiram que haviam perdido um dos nomes mais criativos da última década do rock nacional. Pouco tempo depois, foi a vez dos Ecos Falsos, outra banda de peso, sinônimo de boa música e diversão certa nos palcos, noticiar o fim prematuro da banda. 2011 estava parecendo um ano cruel para o rock independente no país...

Entretanto, apenas algumas horas depois da derradeira apresentação dos Falsos na capital paulista (recheado de muita emoção, segundo relatos de quem esteve na Livraria Cultura do Shopping Market Place naquela tarde), uma nova promessa do indie nacional começava a dar seus primeiros passos. Quem esteve na prezada salinha da Casa Dissenso (que infelizmente também está perto de encerrar suas atividades) na noite do último sábado teve a oportunidade de ver e ouvir de perto a estréia ao vivo do duo/casal Medialunas, formado pelo ex-Superguidis Andrio Maquenzi e a musicaholic Liege Milk (Loomer, Hangovers, entre outras), vindos especialmente de Porto Alegre para a festa promovida pelos sites Scream&Yell e Urbanaque.

Pélico @ Casa Dissenso
Pélico
Já passava da meia-noite quando Pélico deu início aos trabalhos. Na companhia de apenas sanfona e baixo, o bardo e seu violão viram a salinha quase lotada para ouvir seu romantismo rascante. Mesmo com a roupagem acústica do trio e a levada intimista (ainda que ácida) da maior parte de seu repertório, composto principalmente das composições de Que Isso Fique Entre Nós, seu disco mais recente, não pareciam suficientes para conter Pélico em seu banquinho, que arriscava saltos e malabarismos. Um show que começou morno chegou ao fim conquistando boa parte da platéia que foi para vê-lo e até mesmo alguns dos mais desavisados.

Terminado o show de abertura, o duo gaúcho invadiu palco e em poucos minutos já estavam a postos com sua aparelhagem mínima de bateria, guitarra. Lutando contra um indefensável nervosismo de debutantes, Andrio e sua guitarra trataram de dar o pontapé inicial com a já favorita "Humming", na companhia da percussão compenetrada de Liege. Na sequência vieram os outros petardos conhecidos: "Colorful", "Chunby" e "Slo-Mo Dancer" ao vivo ganharam ainda mais em crueza e energia. Aliás, o contraste do minimalismo de formação e instrumentos e a capacidade de soar tão (docemente) barulhento realmente impressiona.


Medialunas @ Casa Dissenso
Medialunas
Dali em diante, o setlist seria somente de inéditas. A matadora "No Te Va Gustar" (vídeo acima) mostra a dupla se alternando nos vocais e cantando na língua de origem do nome da banda. Para o bem e para o mal, parece que ainda vai levar um tempo para ouvir Andrio cantando em português sem recordar da Superguidis, ainda mais com "Memorabilia" (e sua guitarra a la My Bloody Valentine), cuja letra faz lembrar e muito da sua antiga banda.

Medialunas @ Casa Dissenso
Andrio Maquenzi (Medialunas)

"Frames", nas palavras do próprio guitarrista, a música que eles roubaram do Superchunk, é mais uma pérola beirando o radiofônico, enquanto "Chester, Cheese, Onion", o "sabor de pizza favorito" do par, é uma visita ao grunge misturado a outras viagens melódicas. Para encerrar, atendendo aos pedidos (e ameaças) por bis, "How Near How Far", uma das preciosidades do Trail of Dead, ganhou sua versão minimal como que num truque de mágica da dupla.


Medialunas @ Casa Dissenso
Liege Milk (Medialunas)
De saldo final, um ótimo show da banda, que atendeu as expectativas daqueles que aguardavam por vê-los ao vivo. E foram apenas os primeiros passos para um casal que deixa claro que tem um grande caminho a trilhar, com a cabeça cheia de música, idéias e planos pela frente. Quem estava desanimado pelas perdas de 2011, já é hora de começar a abrir um sorriso no rosto.


  • Mais fotos de Pélico e Medialunas no flickr de Alessandra Luvisotto
  • Outros videos da Medialunas ao vivo no canal do youtube.

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