Radiare e Black Drawing Chalks @ Bar do Zé, 23/01/10

O Bar do Zé recebeu no último sábado as bandas Radiare e Black Drawing Chalks pela edição de Janeiro da festa Rock'n'Beats. Mesmo debaixo de forte chuva, o público, ainda que em menor número do que o de costume, compareceu em peso.

black drawing chalks @ bdz

Os primeiros a subir ao palco foram os anfitriões do Radiare. Contando com membros de outras bandas de Campinas (como Del-o-Max e o lendário Astromato) e na bagagem um disco lançado no ano passado, a banda segue a linha do power pop perfeito, com pitadas do guitar noventista (impossível não lembrar de "instituições" escocesas como Teenage Fanclub e The Jesus and Mary Chain), porém sempre com vocais em português. A exceção fica ao cover fatal do já mencionado TFC, "God Knows It's True".



radiare @ bdz

Melodia eficaz, e mesmo emocionante em certos momentos, de um grupo infelizmente ainda muito pouco valorizado na cena independente.

radiare @ bdz

Na sequência, era a vez da banda "sensação", Black Drawing Chalks. Destaque tanto em listas de melhores do ano em diversos blogs especializados em música quanto na grande mídia, com aparições na MTV e clipe indicado prêmio no VMB, além da consagração de "My Favorite Way" como hit de 2009 segundo a Rolling Stone, o quarteto goiano passou a última semana em uma mini turnê que espalhou o rock do Cerrado por várias cidades de São Paulo e Paraná, sempre com apresentações disputadas e banhadas de muito suor e cerveja. Fechando a tour, o show de Campinas não seria diferente.

black drawing chalks @ bdz

Mais uma vez "My Favorite Way" foi cantada em uníssono pelo público presente, que vibrou muito com a mistura entre o antigo e o novo hard/stoner rock. Também rolou a música nova que a banda vem tocando em seus shows mais recentes, "I've Got Your Flavor".



black drawing chalks @ bdz

A potência dos quatro BDC em cima do palco impressiona, uma energia que não acaba antes do baixista Dênis ser carregado pela galera e um bis com "Suicide Girl" para fechar a noite.

black drawing chalks @ bdz

  • Mais fotos dos shows no flickr, por Alessandra Luvisotto.
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Macaco Bong e Convidados @ Auditório Ibirapuera, 15 e 16/01/10

Visitando os confins do Brasil, seja no Acre, no interior do Rio Grande do Sul ou em festivais do Nordeste, na maioria das vezes bem distante dos holofotes do eixo Rio-São Paulo, Macaco Bong tornou-se mais do que uma simples banda, é um símbolo de que um novo rumo é possível. Acrescentando um pouco mais de dificuldade nesse caminho, eles ainda teimam em apresentar um som divergente da maioria. Aliás, eis outra marca que a banda cuiabana alcançou: trilhando e ajudando a pavimentar um caminho bravamente trilhado por Gasolines, Retrofoguetes, Pata de Elefante e vários outros que se atreveram ao investir no instrumental durante anos, elevou o estilo a uma categoria de respeito e alcançou a consagração de crítica da grande mídia, com o álbum do ano de 2008 segundo a revista Rolling Stone. Hoje o rock instrumental se fortalece e diversifica cada vez mais, como por exemplo, festivais como o PIB e a franca expansão do post-rock Brasil afora (vide o selo Sinewave).

macaco bong + convidados @ ibirapuera

Se os três Bongs sozinhos no palco já são capazes de proezas (vale lembrar que independentemente do tamanho do palco, vide Festival Planeta Terra), então quando se unem a um grupo afinado de músicos de alto calibre o impacto é ainda maior. E foi o que presenciamos nos shows do último final de semana no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Com as  participações especiais de Esdras Nogueira, Beto Meija, Alexandre e Paulo Rogégio nos metais, diretamente do Móveis Coloniais de Acajú, Jack, percussionista do Porcas Borboletas, o folclórico Siba e todo experimentalismo de Vitor Araújo com seu piano e afins, o repertório instrumental do trio cuiabano foi substancialmente incrementado, formando um verdadeiro "dream team" do que existe de mais vibrante no atual rock brasileiro.

macaco bong + convidados @ ibirapuera

As guitarradas certeiras da introdução de "Amendoim" trataram de abrir a apresentação, então com apenas o trio num espaço gigantesco. Na sequência, Ney Hugo convida Vitor Araújo, Siba e Jack para acompanhá-los em "Fuck You Lady", que ganha novos tons e texturas com a rabeca, o metalofone e percussões variadas. O quarteto de metais dos Móveis se integra ao grupo para fechar a primeira jam da noite.



Então era a vez da nervosa "Noise James", ainda com a companhia de todos convidados. "Rancho" vem depois, já contando apenas com Jack e o quarteto de metais acompanhando ao trio, com destaque para seu final post-rock minimalista.



Vitor Araújo se debruçando sobre o piano e o tocando como harpa introduz as primeiras notas de "Black's Fuck", que após instantes é acompanhada pela guitarra de Kayapy em outra performance bastante original, misturando ainda trechos caóticos, jazz e mesmo samba, com Jack no pandeiro.

macaco bong + convidados @ ibirapuera

Mais uma vez a tropa de convidados é  chamada ao palco para uma bela versão extendida de "Bananas for You All" com mais solos dos metais, piano, rabeca e percussão enquanto Ney Hugo marcava o passo, além de um poderoso final, dos melhores momentos do show.

macaco bong + convidados @ ibirapuera

O bis do segundo dia de show contou com um bônus de 2 covers que, segundo Ney Hugo, todos reconheceriam: eram "Drain You" e "Stay Away" do Nirvana, faixas consideradas lado B (se é que isso é possível) do Nevermind, em suas versões instrumentais pelo power trio.



Em seguida era a vez do trio mandar "Um G Bem Quente" (lê-se "Um Sol Bem Quente"), música nova, tocada anteriormente no Planeta Terra, mais uma com sonoridade que lembra muito o grunge do mesmo Nirvana e Flipper.

macaco bong + convidados @ ibirapuera

Finalizando, é hora de todos no palco para a última jam session com a impressionante "vamodahmaisuma". A vigorosa introdução, Vitor Araújo na sintonia/white-noise de seu radinho de pilha e o final catártico com os músicos cantarolando enquanto Siba solava sua rabeca acompanhada pelo metalofone de Vitor foram simplesmente sensacionais.

macaco bong + convidados @ ibirapuera

As apresentações foram a confirmação da maturidade em que se encontra a banda e sua cena (tanto em se tratando do rock instrumental quanto do independente). Demonstraram que bem assessorados com uma produção decente (alicerçada no pessoal da Monstro e Fora do Eixo, outros dois nomes de importância fundamental neste cenário) em um local impecável como é o Auditório Ibirapuera (um dos melhores ambientes para apresentações da cidade), o inegável talento da banda e seus convidados é capaz de fazer um show que deve ficar na memória da rock independente brasileiro.

macaco bong + convidados @ ibirapuera

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