Baile da Transfusão @ Livraria da Esquina, 7/10/2011

A noite da última sexta-feira em São Paulo oferecia pelo menos duas alternativas: ou mais um modorrento episódio do time amarelado do poderoso chefão Ricardo Teixeira ou uma sequência de 4 shows na Livraria da Esquina, na Barra Funda (que, de quebra, não excluia a possibilidade de assistir trechos do jogo no telão montado no local). A segunda opção se tratava do primeiro Baile da Transfusão Noise Records na capital paulista, com a participação das bandas Magic Crayon, Hierofante Púrpura e os visitantes Cretina e Lê Almeida.

Passados alguns minutos da meia-noite, os primeiros acordes dos paulistanos do Magic Crayon deram início a festa, ainda competindo com os minutos finais do amistoso da seleção no telão da casa. A banda que voltou recentemente aos palcos após um longo jejum de shows fez uma apresentação rápida, mostrando um twee pop simples porém cuidadoso, cantado em inglês, lembrando bastante o indie britânico de Sarah Records, C86 e afins. Mas ainda rolou uma versão para "Goodbye", faixa bastante atual da banda califoniana Best Coast.


Na sequência, era vez da Cretina subir ao palco. O power trio de Nova Iguaçu que lançou em setembro seu EP "Babilônia Moderninha" (com download gratuito no site da Transfusão Noise), não poupou entusiamo e energia, dominando o palco com um rock 'n' roll rápido, direto e eficaz, de letras bem humoradas em português, misturando rockabilly, surf music, punk rock e muito barulho. Sem dúvida, um dos melhores momentos da noite.


A próxima banda do baile era a Hierofante Púrpura. Logo de cara, já dava para perceber algumas novidades desde o primeiro e único show que vi da banda, há 3 meses na Casa Dissenso: um teclado no centro do palco e a participação especial da baixista Helena Duarte (conhecida das bandas paulistanas Hats e Las Dirces, além de acompanhar o grupo de Jair Naves em diversos shows) em algumas canções. Já outras coisas não mudaram, como a entrega e presença de palco do trio (ora quarteto). A inclusão do teclado, fazendo as vezes de piano na mãos de Danilo Sevali, parece dar ainda mais dramaticidade e franqueza ao repertório ao vivo.


A tarefa de fechar a noite, isso já pelas 3 e tantas da madrugada, ficou por conta do homem-banda-selo Lê Almeida, que lançava oficialmente seu long play Mono Maçã. Mas valeu a pena ter esperado pelo quarteto e suas várias participações especiais. Amigos da Top Surprise, Hierofante Púrpura e Wallace Costa, convidados ou não, trataram de invadir o palco para participar da festa, naquela altura já com mais alcool na corrente sanguínea do que noção na cabeça. Ouvi-se boa parte do novo disco, algumas poucas mais antigas (destaques para "Curso de Datilografia" e a impossível de se esquecer "Nunca Nunca")  e um inesperado cover lo-fi eletrificado para "Comes a Time", de Neil Young, com o acompanhamento do camarada Wallace Costa na gaita e vocal.


Download: Pública - Canções de Guerra

Depois de lançar o primeiro single, "Corpo Fechado", com direito a um belo clipe, a gurizada da Pública disponibilizou no final de setembro o aguardado terceiro album da banda, "Canções de Guerra". O disco completo (em arquivos mp3 de 320 kbps) pode ser baixado gratuitamente no próprio site da banda: http://www.publicaoficial.com


Contendo 11 faixas, "Canções de Guerra" continua carregado de uma forte influência do rock britânico, com letras predominantemente em português (embora o grupo faça aqui sua primeira incursão ao idioma inglês em uma das faixas). Entretanto agora Pedro Metz, principal compositor do quarteto, Guri Assis Brasil (guitarra), Guilherme Almeida (baixo) e Alexandre "Papel", novo baterista do grupo, mergulham em várias outras influências e muito John Lennon, conduzindo para letras ainda mais impactantes (como o próprio nome leva a crer) e com maior riqueza de melodias, o que coloca o album um passo à frente na evolução dos ótimos "Polaris" e "Como Num Filme Sem Fim", os dois primeiros discos da banda.