Passados alguns minutos da meia-noite, os primeiros acordes dos paulistanos do Magic Crayon deram início a festa, ainda competindo com os minutos finais do amistoso da seleção no telão da casa. A banda que voltou recentemente aos palcos após um longo jejum de shows fez uma apresentação rápida, mostrando um twee pop simples porém cuidadoso, cantado em inglês, lembrando bastante o indie britânico de Sarah Records, C86 e afins. Mas ainda rolou uma versão para "Goodbye", faixa bastante atual da banda califoniana Best Coast.
Na sequência, era vez da Cretina subir ao palco. O power trio de Nova Iguaçu que lançou em setembro seu EP "Babilônia Moderninha" (com download gratuito no site da Transfusão Noise), não poupou entusiamo e energia, dominando o palco com um rock 'n' roll rápido, direto e eficaz, de letras bem humoradas em português, misturando rockabilly, surf music, punk rock e muito barulho. Sem dúvida, um dos melhores momentos da noite.
A próxima banda do baile era a Hierofante Púrpura. Logo de cara, já dava para perceber algumas novidades desde o primeiro e único show que vi da banda, há 3 meses na Casa Dissenso: um teclado no centro do palco e a participação especial da baixista Helena Duarte (conhecida das bandas paulistanas Hats e Las Dirces, além de acompanhar o grupo de Jair Naves em diversos shows) em algumas canções. Já outras coisas não mudaram, como a entrega e presença de palco do trio (ora quarteto). A inclusão do teclado, fazendo as vezes de piano na mãos de Danilo Sevali, parece dar ainda mais dramaticidade e franqueza ao repertório ao vivo.
A tarefa de fechar a noite, isso já pelas 3 e tantas da madrugada, ficou por conta do homem-banda-selo Lê Almeida, que lançava oficialmente seu long play Mono Maçã. Mas valeu a pena ter esperado pelo quarteto e suas várias participações especiais. Amigos da Top Surprise, Hierofante Púrpura e Wallace Costa, convidados ou não, trataram de invadir o palco para participar da festa, naquela altura já com mais alcool na corrente sanguínea do que noção na cabeça. Ouvi-se boa parte do novo disco, algumas poucas mais antigas (destaques para "Curso de Datilografia" e a impossível de se esquecer "Nunca Nunca") e um inesperado cover lo-fi eletrificado para "Comes a Time", de Neil Young, com o acompanhamento do camarada Wallace Costa na gaita e vocal.
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