A Banda de Joseph Tourton @ Bar do Zé, 25/02/2010

Nessa noite dessa quinta-feira rolou no Bar do Zé a já tradicional festa Indie-se, desta vez contando com a presença dos pernambucanos d'A Banda de Joseph Tourton.
Em mini turnê pelo estado de São Paulo, o quarteto visitava Campinas pela segunda vez, trazendo na bagagem seu instrumental muito bem elaborado, de diversas influências, com experimentações que vão do post-rock de peso misturado a samplers e elementos do eletrônico a melodias etéreas, com um toque de flauta transversal, além de pitadas de música tradicional brasileira. (Apesar da qualidade comprometedora do video abaixo,) foi uma bela performance da banda, considerada uma das revelações da atual cena musical independente do Nordeste brasileiro.


Dando continuidade a tour, o grupo se apresenta hoje (sexta-feira) no Festival Macacada do Campus da USP em São Carlos, ao lado de Aeromoças e Tenistas Russas, Jennifer Lo-Fi, QISP e Quizumba, e no domingo seguem para um show em Piracicaba.

Macaco Bong @ Asteroid, 20/02/2010

É sábado e novamente a rediviva Sorocaba é nosso alvo, mais precisamente o Asteroid Bar, mais novo reduto da boa música na região sul paulista. A agenda do dia 20 de fevereiro trazia um nome de peso do independente nacional, e que vem tomando proporções cada vez maiores, os cuiabanos do Macaco Bong.

macaco bong @ asteroid

Depois de presenciar seis ou sete apresentações da banda (incluindo as duas passagens apoteóticas pela Auditório Ibirapuera no mês passado, acompanhados de um time de estrelas da cena independente), não é exagero afirmar que o trio é invariavelmente muito competente em cima do palco, seja para um público diminuto ou para uma grande platéia de atentos espectadores. E dessa vez em Sorocaba, com casa cheia, a história não seria diferente.

macaco bong @ asteroid

Após abrir com "Amendoim", a banda seguiu com a nova "Broquem ChocoBread", até então inédita fora dos festivais Grito Rock onde a banda vinha se apresentando durante o mês de fevereiro. A recente composição, que deverá estar no próximo album da banda, traz em sua primeira parte a sujeira e alguns riffs que remetem a um Smashing Pumpkins dos momentos mais pesados do clássico Mellon Collie, porém com maior dinamismo que o grunge de Chicago.


Em seguida, detonaram mais petardos do primeiro album, Artista Igual Pedreiro, além da faixa composta no programa Radiola no final do ano passado e título frequente nos setlists desde então, "Um G Bem Quente".

macaco bong @ asteroid

Se ainda restava alguém que não havia se rendido ao domínio do power trio, as versões instrumentais para as nirvanianas "Drain You" e "Stay Away" na sequência foram tiros certeiros, com direito a um vocal incidental quase transformou o que era para ser uma "versão" num "cover" potencializado.


Finalizando, "vamodahmaisuma" coroou mais uma ótima performance dos Bongs, com mais uma platéia conquistada pela torrente sonora do power trio.

macaco bong @ asteroid

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Grito Rock Sorocaba (2o. Dia) @ 13/02/2010

Para aqueles que não simpatizam com a festa, Carnaval acaba sendo normalmente um poço de tédio. Este ano pelo menos uma alternativa apareceu para aqueles que preferem guitarras a pandeiros e atabaques. Realizado em parceria com a ABRAFIN e a rede Fora de Eixo, teve início nesse final de semana em várias cidades país afora o Grito Rock, festival que reune aproximadamente 500 nomes do cenário independente para tocar em mais de 70 cidades do país e outras 4 da América do Sul, figurando como o maior festival integrado do continente sul-americano. Em Sorocaba, com realização do Coletivo Cultural Rock Alive, o festival sediado na bela Usina Cultural a margem do Rio Sorocaba, foi dividido em 2 dias (12 e 13 de fevereiro) com entrada franca, e nós fomos até lá curtir a quente noite de sábado de Carnaval.


Mesmo um pouco atrasados com relação ao horário anunciado na programação, chegamos a tempo de ver a primeira banda subir ao palco no enorme galpão antigo que é a Usina Cultural. Optando por cantar em português, os quatro garotos do Teatro Asfalto, banda formada em 2006 na cidade de Vinhedo-SP, misturam diversas influências onde predomina um som que remete ao grunge, com tendência para o metal em alguns momentos mais pesados.


Enquanto isso, do lado de fora do casarão, um conjunto de bateria, microfones, pedais, amplificadores e caixas de som instalados no próprio gramado e calçada próxima a uma das paredes da Usina recebiam os últimos ajustes. Era o Projeto Gerador, evento paralelo ao Grito Rock, que apresentava a alternativa criada a partir das próprias bandas (sem qualquer auxílio da iniciativa pública e privada) de utilizar geradores movidos a gasolina como provedores de eletricidade para todos equipamentos (com exceção da iluminação, obtida através de um dos próprios refletores do local). A idéia é poder tocar em qualquer lugar, de praças até a própria calçada, sem depender do fornecimento de energia.


Quatro bandas se utilizariam do esquema durante o festival, sendo duas em cada dia, e o primeiro grupo do sábado seria o sorocabano Iansã. Com uma sonoridade crua que lembra em parte o hardcore com toques experimentais da costa oeste americana (nomes como Saccharine Trust e Black Flag) e letras impactantes ou até mesmo obscenas em alguns momentos, a banda formada recentemente (sua primeira aparição ocorreu no último dia 31) causou um certo estranhamento junto ao público. Ainda com algumas arestas a acertar, o destaque ficou por conta da originalidade instrumental das composições.


De volta ao interior da Usina, a próxima banda a se apresentar eram os até então desconhecidos para mim, The Almighty Devildogs. Diretamente de Bauru-SP, com curiosamente com dois integrantes trajando indumentárias pretas com logos do AC/DC, surpreenderam ao mandar uma competente surf music, com pitadas de punk mas ainda com aquele pé se aproximando do hard rock. Com homenagens de Zé do Caixão a Ventures, fizeram um show bem animado, que agradou o público logo de início, com merecidos aplausos para quem nem precisou apelar para "Misirlou".


A segunda e última banda do Projeto Gerador no lado de fora do prédio, já com um público visivelmente bem maior que no show anterior, era o Vincebuz, da capital paulista. Logo de cara, a bateria adicional montada na calçada ao lado da percussão utilizada pelo grupo anterior já advertia que aquela não seria uma apresentação convencional.


O noise experimental entupido de fuzz, de onde nem o vocal escapava ileso, reproduzia qualquer coisa entre um cáustico sludge metal e um épico krautrock em seus momentos mais tenebrosos. Problemas em estabilizadores e pedais a parte, a performance viceral dos quatro vincebuz convenceu boa parte daqueles que assistiram de perto os estranhos ecos distorcidos na iluminada noite sorocabana.



Continuando na linha mais pesada, o hardcore do anfitriões do Esbórnia era a próxima atração da noite. Com a ajuda de uma platéia recheada de amigos, a banda conseguiu a atenção de muitos, principalmente com a boa presença de palco do vocalista e as versões para músicas de Korn e Sepultura.


A próxima banda marcava o primeira "volta" da noite: os campineiros do Del-O-Max retornavam de um coma após vários meses sem nenhuma aparição. Para felicidade daqueles que curtem o bom e velho rock sujo garageiro, a batalha de baixos contra guitarra apoiada na rápida batida continua infalível.


Os traços do punk rock cru e a influência mod obviamente também não foram deixados para trás, naquele que figurou como um dos melhores momentos da noite. Muito bom vê-los de volta em ótima forma (ainda que com parte da banda um pouco, huh, high.)


Na sequência, era a vez da Circo Motel, de São Paulo, mostrar seu elogiado show no palco do Grito Rock. A banda que além de 2 guitarras, baixo e bateria, era também acompanhada por um tecladista, chegou cheia de estilo, com uma estética setentista que anunciava o tom da apresentação a seguir. Porém, o hard rock com toques psicodélico do grupo paulistano pareceu não conseguir animar o público que já demonstrava sinais de cansaço, com boa parte assistindo o show sentado na área em frente ao palco. Apesar da boa presença de palco e alguns fãs que não haviam sucumbido ao desânimo, a banda pecava por um repertório pouco original, tanto que só conseguiu emplacar após se utilizar de covers de Mutantes e Led Zeppelin.


Eis que após longa espera, chegavamos a um dos momentos mais aguardados da noite: um outra volta, dessa vez, da sorocabana Volpina. Fora de atividade desde 2008 (a última apresentação havia sido justamente na primeira edição do Grito Rock daquele ano), todos aguardavam com certa ansiedade o retorno de uma das bandas de maior destaque na cena indie rock de Sorocaba nos anos 00, mesmo sem lançar um único LP.


Se antes mesmo de subir ao palco, o show da volta já era dado como jogo ganho junto ao público, a grande apresentação da banda recebeu tons de espetáculo. Galera entoando as letras das canções do primeiro EP em uníssono e até mesmo subindo ao palco para acompanhar os vocalistas - assim foi o retorno do Volpina, talvez o clímax do segundo dia de festival.


Como que para amenizar os ânimos daqueles que não deixaram a Usina após o show dos sorocabanos, o Aeromoças e Tenistas Russas subiam ao palco para fazer o penúltimo show, apresentando seu instrumental progressivo com teclado e saxofone, diretamente de São Carlos-SP. Bem diferente do que o nome faz lembrar, o ATR foi formado em 2007 a partir da amizade de quatro estudantes do curso de Imagem e Som da UFSCar. Experimentação de qualidade, mas talvez não muito adequado para aquela altura da madugada.


Já passavam das quatro da manhã quando a Biggs começava o show que encerraria o Grito Rock 2010. Mesmo tarde e com um público bem menor e já sonolento, o power trio demonstrou total disposição e fez uma performance cheia de energia. A começar pelo baterista Brown, que quase encerra o show mais cedo detonando a caixa de sua bateria. E como se não bastasse, mesmo após tendo substituido a peça destruida por uma caixa emprestada, ele ainda continuava a triturar suas baquetas, que mais pareciam brinquedos sem resistência alguma em suas mãos.



Mas ânimo da banda não se limitava ao baterista: Flávia e Mayra também não deixaram por menos e fizeram mais set de punk rock sujo de ótima qualidade. Sorte daqueles que aguentaram até o final e assistiram a um belo show da Biggs.


Como saldo final, a julgar pela segunda noite de shows, a edição sorocabana do Grito Rock 2010 foi um sucesso. Apesar de algumas falhas que podem ser facilmente corrigidos em próximas edições, como a sinalização deficiente (placas indicativas para o local do evento; nenhum banner ou cartaz com a programação de shows), o fim da água e refrigerante bem cedo e a variedade bastante restrita de opções para alimentação, o festival em si rolou sem problemas. O line up bacana que mesclava bandas de diversas cidades do estado (além dos paranaenses do Nevilton, que tocaram no primeiro dia de festival) com grupos da cidade, possibilitando a troca de idéias e criação de novos vínculos, válido principalmente para as bandas novas, é sempre uma característica muito positiva num festival desse tipo. O fato de se concretizar como um evento gratuito também foi outro ponto de fundamental importância.


Com mais de 1000 pessoas nos dois dias de evento, deu pra conferir que, apesar da cultura "metaleira" do classic rock radiofônico ainda reinar, Sorocaba é um local com potencial e público para a cultura alternativa (o cenário de bandas atuais, assim como o próprio sucesso do Asteroid Bar, vem mostrando isso), e o Grito Rock foi mais uma ótima oportunidade de levar o rock autoral independente até uma platéia acostumada ao cover.

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Baixe agora Pressuposto, o novo EP do Nevilton

Foi anunciado na noite dessa terça-feira o aguardado lançamento virtual da revelação e grande promessa para 2010 Nevilton: o EP Pressuposto.

 
Além da faixa que dá nome ao compacto, Pressuposto vem com mais 4 canções: a inédita "O Morno" (que o grupo apresentou ao vivo no show do Centro Cultural São Paulo no último domingo), "Vitorioso Adormecido", "Do que não deu certo" e "Singela". As três últimas, assim como a faixa-título, já podiam ser encontradas no perfil da banda na Trama Virtual em versões demo e ganham agora nova roupagem. Nesse novo disco, os paranaenses mostram que a receita continua certeira, com um rock simples, despretencioso a primeira vista mas de um apelo pop deliciosamente  elaborado, recheado de melodias cantaroláveis e letras espertas.


O EP, lançado pela Fora de Eixo Discos, pode ser encontrado através site do Compacto.REC. A banda pretende lançar o próximo album, chamado "de Verdade", ainda esse ano, também pela Fora de Eixo.

nevilton @ ccsp

A agenda do power trio segue movimentada durante o mês de fevereiro, com apresentações em várias edições do Grito Rock pelo estado de São Paulo, fechando a mini tour com uma visita a João Pessoa, dia 26. Esta sexta-feira, dia 12/02, é a vez de Sorocaba conhecer o super show dos neviltons, sem dúvida um dos melhores da atual cena rock nacional.

Bazar Pamplona, Banda Gentileza, Nevilton e Rafael Castro @ CCSP, 06 e 07/02/10

Neste último final de semana, o Centro Cultural São Paulo foi invadido por uma legião de paranaenses parceiros dos bons sons. Era o festival promovido pela Agência Alavanca, que contou com a visita de Nevilton e Banda Gentileza, tendo como anfitriões Bazar Pamplona e Rafael Castro e os Monumentais.


O festival teve início no sábado com Bazar Pamplona, banda de destaque no novo pop cantado em português. A chuva de verão que como de costume nessa época do ano desaba no fim de tarde da capital não afugentou o bom público de fãs que praticamente esgotou as cadeiras da Sala Adoniram Barbosa para ver a apresesentação dos bazares.

bazar pamplona @ ccsp

No palco, enquanto eram alvejados por aviõezinhos feitos de papel estrategicamente distribuído na entrada da sala, mostravam algumas das canções do primeiro disco e algumas que deverão estar no próximo registro, com lançamento planejado para o meio do ano. Os destaques ficaram por conta das letras inteligentes e melodias elaboradas, como em "Quem Eles Pensam Que São?"


Em seguida era a vez dos curitibanos da Banda Gentileza. A banda, ainda pouco cohecida fora do estado natal, não se deixou abalar pela fuga de boa parte das pessoas que foram assistir apenas Bazar Pamplona e fez um show ainda melhor que o anterior.

banda gentileza @ ccsp

Sem fazer questão de se prender a um ritmo específico, variando desde pitadas de disco music até o delicioso samba "Maior com Sétima", e contando com um par de músicos nos metais (além vários outros instrumentos), o sexteto encerrou o primeiro dia de festival conquistando a platéia com muita animação no palco, quase como um aquecimento para o Carnaval que vem chegando.


O fim de tarde ensolarado parecia dar o tom do que seria o show de abertura do domingo com os paranaenses do Nevilton. E não foi diferente: o power trio de Umuarama não decepcionou os curiosos que foram conferir se o grupo era tudo aquilo que se tem falado Brasil virtual afora.

nevilton @ ccsp

Um rock simples e direto, recheado de melodias assoviaveis, letras certeiras e muita vitalidade, esse é o espírito dos guris, que se traduz nos vôos de Lobão e Nevilton. A comparação ao então moleque Supergrass de I Should Coco é praticamente inevitável, assim como não se deixar levar pelos sons fáceis de "Pressuposto", "Bolo Espacial" e "Me Espere Menino Lobo". Resultado: grandiosa apresentação da promessa que merece atenção redobrada em 2010.


Mesmo com uma sequência de hits em potencial, o grupo ainda não tem nenhum disco completo lançado: a banda tem planejado para ainda essa semana o lançamento de um EP via Internet e até o meio do ano um album completo pela Fora de Eixo Discos.

Rafael Castro e os Monumentais destilando seu rock que beira o alcóolatra-cafajeste  tinham a difícil missão de encerrar o festival depois do incrível show dos neviltons.

rafael castro @ ccsp

Contrastando com os paranaenses, o mezzo barítono Rafael segue uma linha que varia do quase blues retratando causos de bar e mulheres ao rock brasileiro setentista, levando tudo com bom humor, várias piadas e até calcinhas jogadas da platéia. A apresentação contou ainda com a participação de vários artistas, entre eles Tatá Aeroplano, que acompanhou a banda em "Me Chama Pra Dançar", um dos pontos de destaque do show.


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    Just Fun!! apresenta: Jennifer Lo-Fi @ Bar do Zé, 04/02/10

    Na última quinta-feira o Bar do Zé foi palco mais uma vez da Festa Just Fun!, que apresentava em sua terceira edição, a primeira em 2010, uma das revelações e promessas dos últimos tempos no indie rock paulistano, Jennifer Lo-Fi.

    jennifer lo-fi @ bdz

    O grupo que vem conquistando certa notoriedade na cena, explorando um modelo de divulgação que tem como base a Internet e suas diversas ferramentas (com destaque para os geniais web shows semanais realizados na própria casa de membros da banda), visitava Campinas pela primeira vez.

    jennifer lo-fi @ bdz

    Nem o cansaço na fuga do caótico fim de tarde paulistano nem a chuva recorrente e consequentemente reduzido público foram suficientes para desanimar a banda. Demonstrando vigor e presença de palco poderosa, justificaram porque são uma banda que merece atenção.

    jennifer lo-fi @ bdz


    Com um set focado nas composições mais recentes, pendendo mais para o experimental psicodélico/progressivo a lá The Mars Volta (como a camiseta da vocalista Sabine deixava explícito) junto a dinâmica de um vocal que mistura suavidade e peso, a banda não decepcionou, agradando o pessoal que veio até o Zé na noite de quinta.

    jennifer lo-fi @bdz


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