Noite de sábado na capital. Finalmente nossa chance de assistir
Hierofante Púrpura e
Lê Almeida pela primeira vez ao vivo, e de quebra conhecer outra banda de São Paulo,
Refluxo. Passada a garoa que ameaçou prejudicar os planos da noite, saímos rumo à sempre aprazível
Casa Dissenso.
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Refluxo |
Já passavam alguns minutos das 10 horas quando o
Refluxo, primeira atração da noite, tocou seus primeiros acordes. O trio de São Paulo que conta com o casal Luci (ex-
Labirinto) e Marcelo (ex-
Debate) no baixo e guitarra respectivamente. A dupla também divide os vocais, todos em inglês. A maior aposta do grupo é o rock alternativo americano dos anos 90 (ou seja, nomes como Sonic Youth, Polvo e Superchunk), embora em algumas canções também remeta a uma pegada do post-hardcore, como Jawbox e Les Savy Fav. Os poucos que haviam chegados viram uma boa exibição, porém bastante breve, de cerca de 30 minutos.
Alguns minutos mais tarde, era a vez do
Hierofante Púrpura, da vizinha Mogi das Cruzes, mostrar seu rock de mistura e muita intensidade. Mistura essa que combina desde o psicodélico e progressivo aos ritmos quebrados do math rock e a poesia concreta. Achou estranho? A idéia, ao que parece, é justamente essa. A intensidade é justificada por toda transpiração dos três no palco.
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Hierofante Púrpura |
Já com uma platéia que preenchia a salinha da Dissenso, o grupo deu vazão às composições do seu recém finalizado
Transe Só (primeiro album do grupo, lançado em conjunto pela Popfuzz Records e a Transfusão Noise Records, disponível para
download gratuito.) Durante a apresentação, ainda compartilharam os vocais com Bea Rodrigues (baixo e vocal do
Mavka) e o "convidado especial" da noite e companheiro de selo, Lê Almeida. E assim, em um pouco menos de uma hora, fizeram um ótimo show, numa performance contagiante e um repertório que parece soar ainda melhor ao vivo.
Na sequência, o aguardado time de
Lê Almeida e sua trupe tratou de tomar conta dos amplificadores da casa.
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Lê Almeida |
Lê Almeida, o aniversariante da noite, é sem dúvidas alguém que realmente merece aplausos. Dividindo o tempo do seu trabalho diário, ele é fundador e um dos que tocam a
Transfusão Noise Records, estúdio de gravação nascido literalmente no seu quarto, no mais puro exemplo do "faça você mesmo" e do
lo-fi levado a sério. Ele ainda participa de outras bandas além do projeto que leva seu nome e, ao lado de seus amigos, luta para movimentar uma cena totalmente independente na Baixada Fluminense, o que hoje é um tremendo desafio.
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Lê Almeida |
Não bastassem esses feitos, Lê ainda é sinônimo de bons sons. Desde 2007, vem lançando pepitas de indie rock, psicodelia e pop radiofônico, tudo produzido dentro da estética
loufai, como o próprio brinca. Material que deixa fãs de nomes como Pixies, Pavement e Teenage Fanclub com sorriso estampado no rosto. No mês passado, liberou para download seu primeiro album,
Mono Maçã, onde seu leque de temas é ampliado ainda mais. Com gotas sonoras que duram desde menos de 60 segundos (alguém aí falou em Guided by Voices?) a uma viagem que ultrapassa os 6 minutos, Lê canta sobre a amizade, seu amor por bicicletas, paisagens ensolaradas e segredos sobre extraterrestres, entre outros assuntos. Certamente forte candidato a um dos discos do ano.
Contando com duas guitarras, um baixo, bateria e animação de sobra (a corda quebrada de uma das guitarras de Lê é prova disso), abusaram do excelente som da casa: um desfile de
drops de pop e indie rock, recheados de guitarras e distorção. Focado principalmente nas faixas do
Mono Maçã e
REVI (lançado em 2009), fizeram um impressionante set de mais de 20 músicas em aproximadamente uma hora de apresentação. Além das composições próprias, intercalaram pérolas de Pavement ("Loretta's Scars" e o
b-side "Debris Slide") com a participação dos amigos hierofantes Gabriel e Danilo, além da homenagem aos conterrâneos do
Second Come com "Run, Run" (que estará no
tributo à banda previsto para este semestre). Fechando em grande estilo, o épico pavementiano "Por Favor Não Morra".
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Lê Almeida |
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