Celebração. Se pudesse resumir em uma só palavra o que
Jon Spencer e seus comparsas cometeram na última quinta-feira (28 de julho) no
Bourbon Street Music Club em São Paulo, esta talvez fosse a que melhor se encaixaria.
Casa cheia, porém sem esgotar os ingressos, que chegaram a salgados 180 reais na noite do show (a primeira leva já custava 120 reais). Pouco depois das 23h, horário programado para o início, os nova-iorquinos adentraram o pequeno palco da casa.
 |
Jon Spencer |
Jon Spencer é um monstro em cima do palco. Em meio a caras e bocas, convoca todos para sua festa particular, esbravejando seus "Blues Explosion" como um mantra que parece evocar todos os espíritos garageiros. O fato é que
Link Wray e
Lux Interior de alguma forma estavam alí. Seja com sua guitarra, theremin, gaita ou mesmo seu pedal de distorção e amplificador, Jon debocha de qualquer previsão a seu respeito, até a mais óbvia que apostava que ele estaria 10 anos mais velho desde a última passagem do trio no Brasil, lá pelos idos de 2001 (embora ele tenha visitado São Paulo com seu duo rockabilly Heavy Trash há 2 anos). Observando Mr. Spencer em ação, fica claro que o tempo para ele não passou.
Na outra ponta do palco, Judah Bauer empunha a outra guitarra, bem mais contido, distribuindo esparsos sorrisos e acenos para o público, preferindo se concentrar na parte que lhe cabe do ruído e distorções. Enquanto isso, entre os amplificadores, um irredutível Russell Simins se derrete em suor, em uma simbiose com sua bateria, que é incessantemente maltratada.
 |
Russell Simins e Jon Spencer |
O retorno ao Brasil coincide com a reedição dos principais albuns da carreira (de audições obrigatórias:
Extra Width,
Orange,
Acme e
Now I Got Worry) além do lançamento da coletânea
Dirty Shirt Rock'n'Roll, que abrange pérolas dos primeiros 10 anos da banda - que aliás está completando singelas duas décadas de existência. E o repertório apresentado no show de São Paulo fez questão de revisitar a maior parte da obra do grupo. O show transcorre numa sequência sem descanso. "Money Rock'n'Roll", "Very Rare", "Sweat" (video abaixo), "Blues X Man" e "Sweet N Sour" são alguns dos petardos escolhidos, tocados praticamente sem intervalo entre uma música e outra.
Depois de um intervalo de alguns minutos, a banda volta para a segunda parte no mesmo pique. Logo de cara, o hino niilista "My War" do
Black Flag - uma das pedras fundamentais do lamaçal de onde emergiria o grunge - é destroçado em forma de punk blues. E mal Jon termina de berrar os versos finais, uma nova canção já se inicia, num ritmo que continua frenético. Até que a devastadora sequência com "Wail", "She Said" e "Bellbottoms" encerra a noite de celebração. Celebração daquele barulho sujo, direto e cru, que embora ultimamente venha trajando uma roupagem bem mais dispendiosa, mas ainda assim irá sempre existir por ai. Celebração do tal do rock'n'roll.
 |
Jon Spencer |
Nenhum comentário:
Postar um comentário