Wander Wildner, Rogério Skylab e Júpiter Maçã @ SESC Campinas, Julho/2011

Visando as comemorações do famigerado dia do rock (que este que vos escreve a princípio não vê muito fundamento), o SESC Campinas armou uma programação no mínimo inusitada para este mês de Julho. Focado na mistura de música e elementos que causam repulsa e desconforto como o terror, o trash e afins, o Festival Rock'n'Horror trouxe a cidade alguns dos nomes de maior destaque do rock que se aproxima dessa estética no país, como o ex-lider do Camisa de Vênus, Marcelo Nova, o bardo gaúcho Wander Wildner (ex-Replicantes), Rogério Skylab, em volta com o requiém Skylab X, que encerra seu decágono como este personagem, e Júpiter Maçã, o cânone da psicodelia riograndense desde o final dos anos 90. A agenda contava ainda com outros eventos como oficinas de história em quadrinhos e música, um mini curso do mitológico José Mojica Marins, o Zé do Caixão, além da exibição de clássicos do cinema do gênero. Estive lá para acompanhar parte dos shows que rolaram de 14 a 16 de Julho.
Wander Wildner
Wander Wildner

Na turnê de divulgação do seu mais recente disco, lançado este ano, o belo Caminando e Cantando, que combina composições próprias com canções de outros compositores (como Jimi Joe, o homem-Stuart Gustavo Kaly e Julio Reny), Wander Wildner retornava a Campinas carregando uma verve mais folk, mas que ao vivo não consegue se distanciar do punk rock sujo de sua origem.

Tocando para um público razoável (ainda mais considerando uma noite de quinta-feira, dia 14) e uma aparelhagem de som bastante competente (ponto positivo para o SESC), fez um ótimo show, com um repertório que cobria praticamente toda a carreira solo, como os clássicos "Maverickão", "Bebendo Vinho", "Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo" e "Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro". Apareceram também as tradicionais versões para músicas de Iggy Pop (destaque para "O Passageiro", música do video abaixo), Sex Pistols (sua letra de "Lonely Boy" em português), Graforréia Xilarmônica, Júpiter Maçã, Belchior (com a impagável versão de "A Palo Seco") e, é claro, Replicantes.



Rogério Skylab
Rogério Skylab
Na sexta-feira foi a vez de Rogério Skylab importunar o público presente, neste dia um pouco maior que no anterior, com seu repertório ultra-provocativo. Combinando um instrumental pesado com letras absurdas que senão parecem ser geradas a partir do mais completo acaso, beiram o insuportável (e até o ultrapassam as vezes, visitando desde a escatológia a cenas de violência e sexo explícito), talvez fosse o artista que melhor se encaixava na proposta do festival. Você que nunca assistiu a um show dele, quando vê aquele senhor franzino de cabelos longos já grisalhos no palco não imagina o teor das músicas que está prestes a ouvir.


"Música para Paralítico", "Tem cigarro aí?", "Carne Humana", "Por dentro, por fora", "Matador de Passarinho" e o hino "Fátima Bernardes Experiência" foram apenas algumas do longo repertório de quase uma hora e meia de show. Por último, uma homenagem a aquele que iria se apresentar no dia seguinte: "Eu e Minha Ex", do amigo Júpiter Maçã.


Júpiter Maçã
Júpiter Maçã
Tocando para um público incrivelmente menor (mesmo em plena noite de sábado), Júpiter Maça - isto é, Flavio Basso e banda (que incluia o folclórico Astronauta Pinguim nos teclados) - fez um show bem mais curto que dos dias anteriores.

Com meu atraso acabei perdendo a anunciada participação especial de Skylab, mas ainda cheguei a tempo de ouvir algumas pérolas, como "A Marchinha Psicótica do Dr. Soup" e a obrigatória "Lugar do Caralho". Júpiter ainda voltou para um bis, mas logo depois de mais uma canção deixou o palco ouvindo o coro da diminuta platéia pedindo por "Miss Lexotan" e outras de sua obra maior, A Sétima Efervescência.


  • Mais fotos dos shows no set do flickr.

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